Hoje podemos observar o grande número de políticos cristãos das mais diversas correntes denominacionais, o fato é que não se trata de meros membros, mas de pastores, bispos, apóstolos, dentre outro nomes dado aos líderes de várias igrejas.
Mas, historicamente quando começou esta íntima relação entre líderes, igreja e poder ? Tentaremos mostrar neste pequeno artigo qual foi o momento chave para o cristianismo na política e na organização da sociedade, pra melhor compreensão de todo este contexto é preciso fazer uma viagem até Jerusalém, Palestina e ao grande Império Romano.
Jesus Cristo nasceu durante o reinado de Otávio Augusto, primeiro imperador romano. Sua morte ocorreu, provavelmente, em 33 d.C., no reinado de Tibério. Ao longo dos 3 séculos seguintes, o Cristianismo foi largamente perseguido no Império Romano, até sua legalização, no reinado de Constantino, em 313, e sua posterior oficialização como religião do Império por Teodósio, em 390.
O Cristianismo surgiu em uma região dominada pelos romanos desde 64 a.C. Tem como origem a tradição judaica de crença na vinda de um Messias, o redentor, o salvador, o filho de Deus, cuja vinda seria uma redenção para todos aqueles que acreditassem nele.
As circunstâncias em que Jesus Cristo, já adulto, teria surgido na cidade de Jerusalém eram altamente explosivas. Os judeus jamais se submeteram totalmente ao domínio romano, levando o Império a uma postura repressiva em relação à população local, foi em meio a esse clima politicamente tenso que Jesus procurou exprimir uma mensagem baseada no amor ao próximo, no perdão às ofensas e no desapego aos bens materiais.
Mas este que veio para dar a salvação e vida eterna foi duramente reprimido, e por meio das autoridades judaicas foi condenado como um blasfemo, entregue aos romanos. Jesus foi crucificado, sob a acusação de conspirar contra o Império, no ano de 33, a mando do procurador romano Pôncio Pilatos.
É a partir da morte de Jesus que se criou toda a tradição que gerou o Cristianismo. Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve.
Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At 2.44-45). Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo (At 4.34-35). Desta forma podemos observar que os primeiros cristãos mostravam-se um grupo unido em torno de uma única fé, e uma outra característica eram os vários grupos cristãos que nasciam com características distintas. Podemos comprovar este fato pelos 52 textos em linguagem copta encontrados em Nag Hammandi a 65 anos atrás. Os documentos revelam a diversidade das visões cristas primitivas.
De certa forma toda esta estrutura formada pelos cristãos assustava certos líderes romanos.
Isto tudo ocorrendo em um período tenso na história de Roma. Um período em que a maior civilização da antiguidade estava em declínio. Para compreender como se deu este processo, é importante observar o período de transição da fase republicana para a imperial. O processo de expansionismo romano gerou mudanças significantes na estrutura de Roma. Dentre vários fatores podemos citar o aumento da concentração de terras nas mãos dos patrícios e de uns poucos plebeus enriquecidos. Os oligarcas tentaram controlar as massas e evitar possíveis rebeliões, mas a instabilidade se intensificou bastante no final do período republicano.
No século III d.C. o Império Romano mergulhou numa profunda crise que seria irreversível. Essa situação foi agravada por diversos fatores, dentre eles, as guerras travadas com os povos “bárbaros”, a intensa desvalorização da moeda romana e as disputas pelo poder que se tornaram muito violentas. Na tentativa de solucionar a crise algumas medidas foram tomadas pelos imperadores como Diocleciano, Constantino e Teodósio. Para a nossa pesquisa, no momento, vamos nos limitar a analisar as medidas adotadas por Constantino e Teodósio.
Dentre as medidas tomadas por Constantino, 2 serão analisadas neste estudo o 1º e o Edito de Milão, é com este documento que Constantino dá liberdade de culto aos cristãos colocando fim as perseguições que foram tão comuns dentro do Império Romano. Ele afirma ter visto no céu uma cruz luminosa com a seguinte inscrição: “Por este sinal vencerás”, e mais tarde adotou essa inscrição como insígnia do seu exército. Se Constantino era realmente cristão não sabemos, mas foi sem dúvida um grande político, pois teve a ideia de se unir ao movimento que dominaria o futuro do seu império. Podemos observar este jogo politico na aproximação entre a igreja Cristã e o Estado Romano, Constantino compreendeu a força que o Cristianismo tinha conquistado, por isso proclamou-se cristão decidindo desta forma participar da organização da Igreja com o objetivo de garantir a intervenção do Estado romano na vida cristã.
Mas com tantas medidas Constantino não conseguiu conter a crise que se agravava cada vez mais, ai vem a figura do seu sucessor que iria usar a religião como forma de deter a crise mais uma vez.
Teodósio adotou 2 medidas, dentre elas está a divisão do Império entre o Império do Ocidente e do Oriente e a outra medida foi a transformação do Cristianismo em religião oficial do Império Romano , tornando desta forma o Cristianismo a religião oficial do Estado, proibindo os cultos e as festas pagãs ( mas muitos ritos e festas foram acoplados a igreja que nascia, forma de não fazer uma mudança tão brusca na cultura daquele povo que estava acostumado com o politeísmo).
Desta forma podemos analisar que o cristianismo foi usado por líderes políticos para diversos fins, e hoje será que encontramos coisas parecidas em nossa sociedade? Este artigo tem o intuito de levar reflexão e não julgar nada e ninguém. A política é uma atividade complexa e difícil de ser entendida pelas pessoas que não a acompanha mais de perto. O nosso dever como cristãos é analisar falsos líderes que por ventura se utilize desta que é a maior religião do mundo para outros fins se não o de levar salvação, paz e luz para todos que ainda não conhece este cordeiro ressuscitado, autor da nossa fé.
Everton Melo
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